Centro Georges Pompidou fechado para reformas
Alexandre B A Villares

Alexandre Villares é estudante de arquitetura e gostaria de ter sido convidado para a reabertura do Centro Pompidou em 31 de dezembro de 1999.

No primeiro semestre deste ano tive a oportunidade de visitar as obras em curso no edifício principal do Centro Georges Pompidou em Paris. A visita além de permitir uma privilegiada vista de Paris da cobertura do prédio (especialmente em direção a Leste, que no interior fica obstruida pela fachada de instalações) sucintou algumas considerações sobre o edifício, e as modificações que este vem sofrendo.

Fruto de concurso internacional iniciado em 1970, com programa desenvolvido por uma comissão chefiada por Sébastian Loste, inspirada nas intenções do presidente Georges Pompidou, e cujo juri, presidido por Jean Prouvé, selecionou a equipe formada por Renzo Piano, Richard Rogers e Gianfranco Franchini auxiliados por Ove Arup and Partner, oprojeto foi levado a frente em 1972, tendo a sua construção sido concluida em 1977.

A superestrutura de sete pisos de 7 metros de altura, com seus vãos de 48 metros, vigas de 45 metros engenhosamente encaixadas em "gerberetes", intalações e circulação vertical por fora, abriga a maior parte das atividades do centro, que recebeu por volta de 145 milhões de visitantes entre 1977 e 1995 e vem passando desde 1997 por uma grande renovação e reorganização de seu espaços internos, que devem terminar no final de 1999. Durante esse periodo apenas algumas àreas de exposição e documentação permanecerão abertos.

Os trabalhos de renovação pretendem em especial: A racionalização do acesso a Bibilioteca (Bpi), que passa para os níveis 1 e 2, com entrada no mezanino Norte; O aumento das àreas para a coleção permanente do Musée National d'Art Moderne / Centre de création industrielle (MNAM/Cci), que passa a ocupar os níveis 3 e 4 (14mil metros quadrados); Aumento e melhoria dos espaços para exposições temporárias (nível 5 e mezanino Sul); Reorganização do conjunto de auditórios no nível -1 (com exeção do Garance Auditorium no mezanino Norte); Renovação dos pisos, e fachadas (limpeza e repintura do exoesqueleto) e de diversos sistemas de instalações mecânicas (escadas rolantes, elevadores, sistemas iluminação, seguraça e etc.).

Renzo Piano é o responsável pela reestruturação dos espaços comuns, àreas de entrada: do “Forum” (ao nível da Piazza e da rue Beaubourg) e nível -1 , mezaninos e novo acesso direto à Biblioteca. Jean-François Bodin cuida da reorganização das àreas de exposição (coleções permanentes, exposições temporárias e documentação) e da Biblioteca. Dominique Jakob e Brendan Mc Farlane cuidam do restaurante no nível 6. Ruedi Baur está encarregado da criação de uma nova identidade visual e sinalização para Centro Pompidou.

Para aqueles que como eu se encantavam com a idéia de um prédio mutante de imensa flexibilidade, fica uma sutil decepção: O que acabou acontecendo foi uma certa "ossificação" da estrutura que provavelmente será usada de uma maneira mais convencional. De um lado as expectativas de que fosse possível "aprender a usar o predio"1, tirando proveito de seu potencial fora do comum, de outro duras criticas2 quanto à flexibilidade exagerada, a um custo elevado, e pequena provisão inicial de superfícies de paredes, que parecem se confirmar. De qualquer maneira, a direção, que foi obrigada a se mudar para permitir a ampliação dos espaços dedicados ao público, parece bastante contente com o edifício.

Mais material pode ser encontrado seguindo links para o Centro Georges Pompidou.

1. Comentário de Barbara-Ann Campbell, Paris a guide to recent architecture.

2. como as de Kenneth Frampton em Modern Architecture, a critical history.

 

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