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CRTS
- Centro deTecnologia da Rede Sarah
Luiz Carlos Chichierchio |
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A
leitura da publicação do CRTS - Centro de Tecnologia da Rede
Sarah, com projetos do Arquiteto João Filgueiras Lima (o Lelé)
nos anima e conduz a uma série de conclusões que considero
importantes tendo em conta o momento e o estágio em que se encontra
(não diria a arquitetura) mas a indústria da construção
no Brasil.
O comportamento equivocado de alguns profissionais e o analfabetismo arquitetônico que assola em geral permitiram a cristalização de algumas afirmações preconceituosas que enormes prejuizos tem trazido para a aceitação, pelo público em geral, do trabalho do arquiteto, considerando as obras ditas "de cunho utilitário". Dentre as barbaridades consagradas podemos destacar algumas tais como : 1) Que a "beleza" arquitetônica
é incompatível com a
2) Que a "boa" arquitetura
só é feita com alguns materiais
3) Que o bom desempenho funcional é incompatível com a beleza. Junte-se a essas barbaridades antigas outras mais atuais resultantes da má compreensão dos avanços tecnológicos. O desenvolvimento da indústria eletrônica e da informática permitiu a popularização dos computadores e a ignorância do que essas máquinas podem fazer gera o mito segundo o qual elas permitem tudo. É a crença antiga no moto contínuo e na falácia da alquímia que os poucos 400 anos de ciência moderna não conseguiram banir das mentes retrógadas. Dentre esses falsos mitos destacamos aqueles acobertados sob o título de "edifícios inteligentes" , que às vezes é empregado pela designar os edifícios que são dotados de sensores e comandos para detectar e corrigir as deficiências de um projeto de má qualidade. Pois bem, estão aí nessa publicação vários projetos que destroem esses mitos e equívocos. Lelé mostra, como fruto da sua competência, talento e domínio do ofício que o uso de elementos pré-moldados não impede que seus edifícios apresentem alta qualidade e expressão formal. Ao utilizar um material pouco conhecido e em muitas situações mal empregado, como é o caso da argamassa armada, o autor mostra que os materiais somente apresentam propriedades físicas e químicas. Quem apresenta qualidades são os projetos, os arranjos competentes que permitem aproveitar as potencialidades dos materiais, trabalhando a favor delas e não contra elas. O Lelé faz isso com maestria, demonstrando também que os edifícios podem e devem ser belos mesmo que não se destínem a ser monumentos comemorativos ou simbólicos por definição prévia. Aliás a beleza associada à eficiência faz com que um objeto artificial (feito com a arte e o intelecto humano) se identifique com a naturalidade da flôr que reune tão bem essas qualidades. Os objetos arquitetônicos que além de belos apresentam bom desempenho quanto ao uso e quanto ao controle dos fenômenos naturais se transformam em símbolos naturalmente. Símbolos da inteligência e da competência humana quando se empenha em fazer o melhor possível que está a seu alcance. Lelé não camufla em seus desenhos as intenções, por exemplo de controle da ventilação e da insolação e da iluminação. Pelo contrário ressalta e distingüe esses controles. Nos auditórios estão evidentes as decisões de carácter acústico. O uso de ar condicionado quando necessário, ocorre de maneira integrada e incorporada à linguagem formal do edifício e não de maneira postiça, como um adendo acrescentando a posteriori . Não sei se Lelé gostaria de ouvir isso mas a sua obra, pelas qualidades de integridade, se afasta da realização tecnológica e se aproxima da criação científica muito mais próxima da criação artística que dela exala. É muito animador ver um trabalho como este que deveria transforma-se em texto didático. Estar presente sob os olhos de todos que desejam apreender a profissão, o ofício de Arquiteto e principalmente de todos que se propõe a ensinar tal mister. |
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