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Territórios
Imaginários - Renina Katz |
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Renina, que bom que
ainda és pelo absurdo: pelo absurdo de tanto amor
à paisagem: por tão bem fixá-la em ti
(em nós) ao captar as leis, esgotando toda sua
intimidade temporal. Descrevendo com este teu desenho
provocante, que diz e desdiz, nos traços acumulados
ou desfeitos, carregados de prenúncios de luz (esta
vem sempre através, de trás... é uma
presença, nunca um foco; não sabemos de sua
origem), seu gemido cristalino. Aparência de paisagem.
O tempo da imagem em sua cristalização
mutante. Visto de dentro. Sete instantâneos
sucessivos. Necessários. Essencialmente da mesma
paisagem? Talvez. Acontecendo porém em ti (em
nós) de maneira diferente apenas no ritmo. A
emoção da matéria fixada por tuas
mãos. As cores inventadas coincidindo com a
realidade. Infinitas arestas conduzindo o espaço. Os
planos naturalistas são restituição ao
teu corpo (ao nosso). Através de teu olhar, do teu
tempo, da tua entrega ao surpreender na paisagem que se
revela (para anunciar) o que esconde. A
elaboração obsessiva de cada detalhe destes
territórios imaginários confere à
técnica escolhida um momento de vivência
gráfica da mais alta qualidade. Esta tua
percepção (poética) visual-visceral (do
tema) nos torna sobreviventes de naufrágios
bem-sucedidos: a escama é perfeita ao peixe... Se a
relação tinta/papel, impressão/desenho,
aqui se torna terra e vento, luz e nuvem, não
é mera coincidência. Há em ti uma
profunda fusão de sentir e saber que eclodiu nesta
série de pequenas grandes litografias, paisagem da
memória que se percebeu na dor da esfera... Texto de 1983, que acompanha o album Territórios Imaginários. |
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