Centro Cultural da FIESP

projeto:
Paulo Mendes da Rocha, Angelo Bucci, Fernando de Mello Franco, Marta Moreira, Milton Braga, Keila Costa, Maria Isabel Imbrunito, Omar Mohamad Dalank, Carmen Moraes, Judith Hardy e Pablo Hereñu

fotos:
Dario de Freitas

texto:
André Augusto de Almeida Alves

O projeto do Centro Cultural da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - constituiu-se na reforma das porções térreas do edifício sede da instituição, projetado pelos arquitetos Roberto Cerqueira César e Luis Roberto Carvalho Franco, vencedores de concurso realizado em 1969. Tal reforma objetivou criar espaços adequados a programas de necessidade já existentes anteriormente, e que devido a reformas sucessivas e carentes de noção de conjunto, encontravam-se mal instaladas: galeria de arte, biblioteca, teatro, foyer e espaço para a fila de retirada de ingressos; protocolo, recepção e acessos aos elevadores. A estes foram acrescidos um salão de atos e um palco para atividades cívicas, e um café, junto ao foyer do teatro.

O projeto baseia-se na retirada de porções da laje do térreo superior junto à calçada de pedestres da Avenida Paulista e sobre o foyer; tais rasgos propiciam, no primeiro caso, acessibilidade visual e física às vitrines da galeria e da biblioteca, e constituem o generoso espaço de chegada ao prédio; junto ao teatro, conferem ao seu foyer proporções mais adequadas, principalmente em relação ao seu pé-direito, além de melhor iluminação, arejamento e maior beleza.

No espaço altamente qualificado assim obtido, as instalações para cada uma das atividades definidas pelo programa, construídas em aço, são concebidas de forma a gozarem de grande autonomia plástica, aliada a uma funcionalidade bela.

No térreo superior, a galeria de arte possui longa vitrine para a Avenida Paulista e para o mural de Burle Marx; no térreo inferior a biblioteca possui também sua vitrine e nos fundos é arrematada pelo café, cujo balcão estende-se ao longo do foyer; ao longo da torre de elevadores, tem-se no térreo superior o balcão da recepção e no térreo inferior, a chegada dos elevadores, uma vitrine de livros da biblioteca. Do outro lado da biblioteca, um painel dedicado à história do teatro brasileiro alonga-se pela área reservada à fila dos ingressos, que por sua vez é ladeada pela rua interna de ligação entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos.

Apesar da diferença de cotas existente entre estas duas vias propiciarem diferenças de pé-direito que evitam o enclausuramento, a iluminação deste espaço é precária. O serviço de protocolo localiza-se no 1º subsolo e é acessado diretamente pelos veículos de seus usuários.

Os novos espaços de caráter cívico e social, de natureza tão nebulosa quanto as intenções de seus requisitores, são agrupados em uma ponte que estende-se por toda a lateral do prédio, avançando para além deste em direção a avenida, para a qual se abre, e ao mural do teatro. Em todo caso, a sua maior utilidade é a de construir, no térreo superior, um pé-direito mais baixo junto às portas dos elevadores, em consonância com o espaço entre estas e o balcão da recepção.

Especial atenção deve ser dispensada às vitrines e painéis da biblioteca, mencionadas anteriormente, pois desenvolvem-se também em espessura, abrigando instalações diversas e conformando janelas, cuja profundidade possibilita seu uso como mostruário e estabelece uma adequada relação entre os ambientes que comunicam visualmente. Estes elementos da construção revelam-se, deste modo, especialmente engenhosos e bonitos.

Extremamente instigante neste sentido, a separação entre a recepção do edifício e a galeria de arte é, ao mesmo tempo, a sua entrada. O espectador caminha entre aquelas que seriam as duas faces da parede, através de estruturas que, pelas relações entre a sua largura e sua altura, e pelo seu caráter metálico, chamou-se de containers. Tais containers, juntamente com os dois imensos domus, são os elementos organizadores do espaço da galeria de arte.

O espaço da biblioteca, por sua vez, é organizado de uma forma mais rígida, ditada sobrertudo pela funcionalidade, resultando nas longas bancadas e na sucessão de estantes de livros. As mesas de leitura, assim como as bancadas da recepção e do café, entre outras peças de mobiliário, foram desenhadas pelos arquitetos e produzidas pela mesma indústria que fabricou as peças metálicas da obra.

O projeto consegue dessa maneira estender-se desde o desenho do objeto até a arquitetura urbana, constituindo mesmo um modelo de intervenção para outros edifícios da Avenida Paulista ou de outras regiões da cidade.

perspectivas de estudo 'renderizadas':1 2 3 4 5 6
desenhos de estudo em CAD:1 2 3 4 5 6

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